Depois do Brasil, sheerME quer levar Sal(On) da L’Oréal para a América Latina, Espanha e Portugal

Depois do Brasil, sheerME quer levar Sal(On) da L’Oréal para a América Latina, Espanha e Portugal

Depois do piloto no Brasil, a portuguesa sheerME quer levar a plataforma Sal(On) desenvolvida para a L’Oréal aos proprietários de salões de beleza e profissionais da América Latina, Espanha e Portugal. E tudo pode já acontecer em 2025.

"A nossa vontade é levar esta solução para mais países. Estamos a fazer o teste no Brasil, tivemos contactos de outros países para arrancar já, mas para nós é importante manter este contacto com o Brasil e respeitar os timings", adianta Miguel Alves Ribeiro, CEO da sheerME.

Mas há interesse de outros países da América Latina para lançar já em 2025 e há interesse em Portugal e Espanha em fazermos o roll out o mais rápido possível. Quem decide os timings somos nós porque vontade já existe de fazer o roll out para vários países”, assegura o founder da startup portuguesa.

Lançada em meados de agosto no Brasil, com um piloto de 60 salões de beleza parceiros da L’Oréal, a Sal(On) responde ao desafio da marca de cosmética de encontrar uma solução que pudesse contribuir para o processo de digitalização do setor.

O Sal(On) surgiu de um desafio da L’Oréal. Eles têm como missão digitalizar o setor e consultaram várias empresas para ver o que poderiam oferecer para ajudar a digitalizar esta indústria, começando pelo Brasil e depois para ir para a América Latina. Todas as empresas que consultaram eram SaaS, plataformas de gestão, resolviam a parte do comerciante mas não ligavam ao consumidor. Eram plataformas unidirecionais. Pagava-se uma mensalidade e geria-se o negócio, não trazia novo negócio”, começa por explicar Miguel Alves Ribeiro.

A solução da sheerME – que assenta na plataforma sheerME PRO dirigida aos comerciantes, independentemente da área de atividade – propõe fazer a ligação entre comerciante e consumidor. “A proposta da sheerME, da nova geração (NextGen), está muito alinhada com a Uber, a Booking.com, a The Fork e outras plataformas que tocam nos dois mundos: trazem mais negócio, mas não cobram por uma plataforma de gestão. Só assim se consegue escalar e digitalizar um setor. Nós somos essa plataforma bidirecional que une o consumidor com o comerciante, em que este pode gerir todo o seu negócio sem qualquer custo, apenas paga uma comissão cada vez que há mais negócio”, explica o founder.

A L’Oréal identificou-se com a proposta. “Entende que o consumidor de hoje se quer comer em casa pede Uber Eats, se quer um táxi pede um Bolt ou Uber, se quer um hotel reserva na Booking.com, mas quando quer um salão de beleza, uma manicure, um spa havia um vazio. E viram que somos a plataforma dessa nova geração: conseguimos escalar e oferecer esses dois mundos, unindo o consumidor com o comerciante. As nossas visões estavam alinhadas e desafiaram-nos a construir esta plataforma em conjunto. Começando a fazer um teste no Brasil e daqui começar a fazer o roll-out para a América Latina, para outros países da Europa e, quiçá, se tudo correr bem, para o mundo inteiro”, diz com entusiasmo Miguel Ribeiro.

Unir comerciantes aos clientes

O projeto arrancou com 60 salões parceiros da L’Oréal Produtos Profissionais em São Paulo, mas agora já são mais 100. “A ideia inicial era 60, mas vimos logo no evento de apresentação interesse e estamo-nos a preparar para fazer o onboarding de milhares de salões parceiros da L’Oréal e não só para a nossa plataforma. Isto teve uma repercussão grande e nos próximos meses vai nos dar um spotlight interessante”, diz.

A vontade do mercado é ter uma plataforma destas que traga conveniência ao consumidor e eficiência ao comerciante. Nos próximos dois meses havemos de ter muito mais do que 100, acredito até que acima de 1.000 espaços a trabalharem com a nossa plataforma ou mais”, acredita. Neste momento, há já mais 300 salões em perspetiva de entrar na Sal(on).

startup que está no Brasil com a sua app acredita que este novo projeto em parceria com a multinacional não canibaliza o potencial crescimento da sheerME ou da sheerME PRO neste mercado onde já estão presentes em 22 estados, com mais de 3.000 parceiros, embora focados no Rio de Janeiro (onde têm a sede da operação no país) e São Paulo.

“A sheerME é a solução para o consumidor, a sheerME PRO e o Sal(on) são para o comerciante. Simplesmente, a sheerME PRO chama-se Sal(on) para clientes da L’Oréal e tem umas funcionalidades específicas, não tem muitas alterações. Não canibaliza, pelo contrário, potencia todo o nosso processo”, considera Miguel Ribeiro.

“É também uma aprendizagem grande com os clientes da L’Oréal e estamos a trazer as mesmas funcionalidades do Sal(on) para a sheerME PRO. O Sal(On) é para clientes da marca, salões de beleza, a sheerME PRO é para todos os outros comerciantes: psicólogos, dentistas, outros salões que não sejam clientes da L’Oréal. A solução é idêntica para ambos, simplesmente a da L’Oréal tem um look & feel especial, anúncios da marca, funcionalidades específicas para clientes, mas, de resto, tudo se complementa”, detalha.

A Sal(On) está integrada no Google, Meta (dona do Facebook) e a Uber, permitindo aos consumidores reservar os serviços que desejam em diferentes plataformas, sem a necessidade de ter a app sheerME, podendo agendar diretamente no Google, Instagram, Facebook, WhatsApp e na Glovo. No caso da Uber, o utilizador que se deslocar até ao estabelecimento mediante este serviço de transporte, terá acesso a uma viatura de gama superior.

A plataforma desenvolvida para a multinacional de cosmética assenta na sheerME PRO que, além de angariar marcações de serviços, permite ao comerciante fazer a gestão do seu negócio, tal como gerir stock, o pessoal, pagamento de comissões, analisar quais os produtos e serviços mais vendidos ou valor médio gasto por cliente, por exemplo.

“Criamos também funcionalidades de marketing, alimentado por IA generativa, onde dizemos que da base de clientes um certo número celebra hoje o aniversário e sugerimos mandar uma oferta especial. Sugerimos um texto e uma imagem e enviamos via WhatsApp, email. Criamos estas ferramentas para facilitar a vida aos comerciantes, porque os donos de salões não são marketers", diz. Hoje já são mais de 7.000 clientes entre Portugal e Brasil.

Características da plataforma que, considera Miguel Alves Ribeiro, lhe dão uma vantagem competitiva face a potenciais concorrentes. “As plataformas concorrentes que existem estão outdated, têm 16-12 anos, serviam o mercado antigo, não o de hoje muito mais digitalizado. São plataformas de gestão que servem apenas para gerir o negócio, são unidirecionais. Nós somos um organismo vivo que une o comerciante ao consumidor. Entende as tendências do consumidor, aprende com elas e dá inputs, data para o comerciante gerir melhor o seu negócio e atualizar-se. Somos uma plataforma dinâmica que aprende com essa utilização do consumidor e vai levar esses dados ao comerciante”, argumenta

“Acho que daqui a uns anos o nosso maior negócio serão os dados que conseguirmos ter da utilização, do consumo das pessoas dentro deste setor. Se tivermos uma base de clientes grande conseguimos prever tendências", aponta.

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Com mais de 55 colaboradores, dos quais 25 parte da equipa local do Brasil, um ano após o lançamento das operações neste mercado, a plataforma já ultrapassou os 250 mil utilizadores inscritos. Portugal e Espanha – onde esta semana acaba de anunciar a entrada com escritório em Barcelona – são os mercados onde a startup tem igualmente operação. Até 2026, a sheerME quer expandir serviços a mais cinco países da América Latina.

Em abril, a startup concluiu uma ronda de 2,5 milhões, elevando para cinco milhões o montante levantado no mercado em menos de num ano para sustentar o plano de expansão internacional da startup.

Notícia escrita pela jornalista Ana Marcela, do Jornal ECO. Podes ler o artigo original aqui.